Não tenho sonhado
Planejo coisas que não dão certo
Assisto a muitos filmes
Vários gêneros
Dou o melhor que posso
Não me importo mais com críticas
Pelo menos nesses últimos dias

Chego no horário
Saio no horário
Estou em mutação
Acho que virei um relógio
Alguém pode parar de me dar corda?

Caminho para os 40
Não terminei de ler
A mulher de trinta anos
O que será de mim?

Pelo menos algo muito bom aconteceu
Pertenço a duas ótimas famílias
A de meu companheiro José
E a de minha querida mãe Maria

FLORBELA - Em 02/11/2013
Para: Florbela Espanca

Vou ler o meu presente
Que ganhei com carinho
Um presente comovente
Meu coração ficou mansinho

Os dias são passageiros
O trabalho é cansativo
Florbela Espanca ligeiro
Irei ler com pensamento ativo

Florbela é minha flor
Minha flor preferida
No jardim que plantei
Que sempre sonhei
Com todo o meu amor
És minha querida

EMILY - Em 02/11/2013
Para: Emily Dickinson

Hoje é dia de leitura
De paz e tranquilidade
Aos poemas de Emily Dickinson
Encher a alma com felicidade

Na rede a embalar
Não vou me chatear
Vou ler, ler sem parar
Hoje é dia de sonhar

No quarto solitário
Estarei em boa companhia
Num embalar preguiçoso
De um dia chuvoso
Um dia sedentário
Um dia de alegria

ESQUECEU

Você esqueceu a hora
Numa manhã tão fria
No alvorecer da aurora
Quando tudo se esquecia

Esqueceu dos bons momentos
Aqueles em que se ria
Tornaram-se em tormento
Como uma manhã fria

Aquilo o que se passou
Se foi para não mais voltar
O que um dia me animou
Ficou apenas no meu pesar

Sinto tanta saudade
Que o peito aperta em dor
Saudade, saudade é verdade
Como se despetalasse o peito em flor.

AVE

A ave voa sem pressa

Entrecorta o céu

Com seu peito amarelo

Pousa num galho de arvore

E solta seu belo canto

A ave repousa sem pressa

Apenas olha

Para um lado e outro

A procura de um inseto

Que possa lhe alimentar

A ave volta a voar

Lindo seu voo no ar

A ave

A ave voa sem pressa

Entrecorta o céu

Dá um espetáculo sublime

Mas sabe, ninguém a notar

E a ave, a voar

Mas há um olhar

Sim, um olhar distante

Quase sem vida

Quase um ultimo suspiro

A contemplar a ave

A ave voa sem pressa

Nuvens cor-de-rosa

No sol poente

Um pensamento cheio de dor

A tarde vai fria e triste

Despede-se da alma sem amor

Nem sei se haverá mais um dia

Como saber o que vai se passar?

Essa tristeza, essa dor e agonia

Enche minhas entranhas de pesar

Sei que terá um dia de sol

E a lagrima cairá

Canta que a canção é vida

Muitas vezes é a melodia

De uma dor escondida

Canta com a felicidade

Às vezes é a canção

De uma eterna saudade

Canta com poesia

Com a eterna luz da manhã

Que leva a noite e clareia o dia

ACALANTO

Não posso te esquecer

São dias e noites em claro

Como se querer morrer

Nunca cessar este choro

Passar a vida chorando

Sentindo tanta saudade

Querendo-te para sempre querendo

Não ter-te é muita maldade

Serás sempre meu bem

Guardado dentro do peito

Onde eu for iras também

Minha paz, meu acalanto

A calmaria nos toma conta agora. Aqui e lá fora. A brisa fria da noite chuvosa, relâmpagos e trovões ecoam  fortes no céu. A tormenta nos atormenta, lá fora e aqui, também.

Querer fugir e ter que fingir. Fingir querer estar aqui, ali, acolá. É possível correr, pular, driblar, é possível ultrapassar?

Gente, gente, gente e eu.

Nuvens cinzas na escuridão da noite, no céu pairam nuvens cinzas, cor de tristeza. Cor de desilusão. Cor de medo. Cor de início de escuridão.

Voz de Iggy Pop.